FIOCRUZ | Levantamento de flebotomíneos da Terra Indígena Wajãpi, Amazônia Oriental, Brasil

Study Extent

A TIW estende-se entre as bacias dos rios Jari (a oeste), Amapari (a leste) e Oiapoque (ao norte). Sua demarcação física foi homologada em 1996, com uma extensão territorial de 6.070 km2. A área é de floresta tropical densa e em relevo acidentado, integrando o complexo das Montanhas do Tumucumaque. Atualmente os Wajãpi somam cerca de 1.100 indivíduos, distribuídos em 80 aldeias (SESAI 2016). Nesta área predominam dois tipos de solo: o latossolo amarelo e o podzólico vermelho-amarelo. Esses solos são de baixa fertilidade natural e seu uso para agricultura e/ou pecuária exige técnica intensiva de manejo. Do ponto de vista do relevo, a região apresenta porções de áreas com dois níveis bastante ondulados ou montanhosos. Apresenta um revestimento florístico apresentado basicamente por florestas tropicais densas, observando-se a presença de capoeiras e/ou clareiras que resultam quer das práticas agrícola relacionadas a roça de coivara, quer das diversas formas de lareiras minerais que ocorrem na localidade e suas circunvizinhanças. Quanto ao clima, predomina o tipo chuvoso ("amãnaremë"), com pequeno período seco ("kwarayremë"); temperatura anual nunca inferior a 18 °C, habitat natural da vegetação megatérmica e uma pluviosidade de 2.500 mm por ano e, uma umidade relativa que fica ao redor de 80%. As coletas foram realizadas entre setembro de 2013 e outubro de 2014.

Sampling

O estudo de vetores foi realizado segundo duas abordagens metodológicas que envolvem captura de flebotomíneos com armadilhas luminosas. No primeiro, aos moldes padrão do MS (BRASIL, 2007; 2014), buscou-se analisar o grau de domiciliação dos flebotomíneos a partir de gradientes de distância da aldeia. Foram selecionadas 20 de 35 aldeias com registro de casos de LTA, onde foram instaladas armadilhas em ambientes dentro do espaço do pátio (intra), na interface ou transição entre o pátio da aldeia e o ambiente circundante da mesma (peri) e em ambiente de mata localizado até 100 metros de distância do pátio da aldeia (extra). As 20 aldeias amostradas segundo gradientes de distância para o pátio foram categorizadas conforme o tempo de criação e uso, a população total residente, e se é central ou periférica. Como método complementar, no intuito de identificar qualitativamente outros padrões de exposição ao ciclo da doença foram amostrados 32 cenários epidemiológicos definidos junto aos indígenas nas oficinas, distribuídos em oito categorias: árvores frutíferas, árvores com raiz em sapopema, outras plantas, rastro ou toca de animal silvestre, cursos d’àgua, matéria em decomposição, roças e criação animal. A tabela 1 apresenta os cenários epidemiológicos testados através desta metodologia. Nos dois modelos, as coletas foram realizadas em três momentos uma coleta na estação seca e duas na estação chuvosa. As armadilhas operaram entre 17h e 06h por dois a três dias em cada ciclo. Os flebotomíneos foram armazenados em frascos contendo álcool 70% ou RNALater™ (Sigma-Aldrich), e, posteriormente, triados sob estereoscópio no laboratório. As genitálias das fêmeas foram retiradas e montadas em lâminas para a confirmação da espécie que seguiu a classificação de Galati (2003); o restante do corpo foi organizado em pools e processado para a determinação da taxa de infecção natural por Leishmania. Os machos foram clarificados e montados em lâmina para a identificação das espécies, e uma porcentagem está sendo processada para identificação molecular pela ténica de DNA barcode (PINTO et al. 2015). Para cada local de amostragem foram calculados o Índice de Diversidade de Shannon-Winner (H), o Índice de Equitabilidade de Pielou (J) e a abundância relativa de espécies potencialmente vetoras segundo a literatura (CONCEIÇÃO-SILVA & ALVES, 2014). Para determinação da taxa de infecção natural por Leishmania em flebotomíneos, a extração de DNA foi realizada com o kit Puregene™ (Qiagen). A identificação de Leishmania está sendo realizada por amplificação do gene ITS1 (300-350 bp). As condições da ITS1-PCR seguiram Schönian et al. (2003) e Kuhls et al. (2005) e cepas de referência foram fornecidas pela Coleção de Leishmania do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz/CLIOC) como controles positivos das reações. Após a confirmação das espécies, as amostras serão sequenciadas em analisador ABI 3730 (Applied Biosystems), e as sequências identificadas pela ferramenta BLAST do Genbank (http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/). Uma análise estatística foi realizada utilizando os métodos não-paramétricos de Mann-Whiteney e Kruskal Wallis, em que foram comparados os padrões de diversidade de flebotomíneos e a proporção relativa de espécies potencialmente vetoras da LTA segundo a literatura, em relação a: tempo de existência da aldeia em anos e população total residente. Esses parâmetros foram também utilizados para análise das diferenças dos indicadores segundo gradientes de distância para o pátio da aldeia, assim como, das diferentes categorias de cenários epidemiológicos amostrados.

Quality Control

Os insetos foram identificados por chaves disponíveis na literatura (GALATI, E.A.B. 2003. Classificação de Phlebotominae. In: Rangel EF, Lainson R, organizadores. Flebotomíneos do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, p.23-175; Young DG, Duncan MA 1994. Guide to the identification and geographic distribution of Lutzomyia sandflies in Mexico, The West Indies, Central and South America (Diptera: Psychodidae). Mem Am Entomol Inst 54: 1-881.) e por taxonomistas experientes.

Method steps

1. not applicable

Sand flies. Diptera, Psychodidae, Phlebotominae

1. Phlebotominae
   common name: sand fly rank: subfamily

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