Avaliação do aporte e decomposição da serapilheira em duas fitofisionomias da restinga de Jurubatiba
Citation
Lemes Martins R, da Silva Brito L, Luiz Florentino Borges E (2018). Avaliação do aporte e decomposição da serapilheira em duas fitofisionomias da restinga de Jurubatiba. Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira - SiBBr. Metadata dataset https://doi.org/10.15468/zl00c7 accessed via GBIF.org on 2024-04-25.Description
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o aporte e a decomposição da serapilheira em duas fitofisionomias no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba: Formação Arbustiva Aberta de Clusia (FAAC) e Mata Periodicamente Inundada (MPI). Estas fitofisionomias ocupam maiores extensões nas áreas das restingas do Norte Fluminense. Para tanto, a dinâmica de perda de folhas foi acompanhada de maio/2012 a maio/2014 com amostragens quinzenais e os resultados foram correlacionados com aspectos climáticos da região. Por sua vez, a decomposição da serapilheira foi avaliada dispondo-se os detritos foliares em sacos de naylon conhecidos como litterbags, deixados em campo em novembro de 2012 e retirados em diferentes intervalos de até 24 meses após sua instalação.Sampling Description
Study Extent
O estudo transcorreu em duas áreas de restinga próximas, porém distintas. A primeira delas, é majoritariamente dominada por arbustos que se organizam em moitas, tecnicamente conhecidos como Formação Aberta Arbustiva de Clusia (FAAC). Esta formação é constituída por moitas densas de tamanhos variados, intercaladas por espaços de areia onde a cobertura vegetal é de aproximadamente 34,02%. As moitas variam no formato, podendo ser circulares até irregulares, sendo o tamanho também variado, com um pequeno número de moitas maiores que 700m², sendo mais comuns as moitas pequenas. Clusia hilariana é a espécie predominante nesta formação e pode atuar como espécie focal, propiciando o aparecimento de outras espécies em seu sub-bosque. A outra consiste numa área de mata, que ocorre nas depressões entre cordões arenosos, estando sujeita à inundação pelo afloramento do lençol freático na estação chuvosa, tecnicamente denominada Mata Periodicamente Inundada (MPI). O dossel da MPI pode possuir 20m de altura e o solo desta área apresenta grande quantidade de serapilheira, resultando em um grande acúmulo de material orgânico em decomposição, processo resultante da oscilação do lençol próximo a superfície. Nestas áreas já se encontram em desenvolvimento projetos de pesquisa sobre fatores responsáveis pela estruturação das comunidades vegetais e animais de restinga, que compõe o PELD (Programa Ecológico de Longa Duração) – Site V e estudos relacionados a importância da diversidade vegetal para o processo de decomposição, ao qual será associado este projeto.Sampling
Para estimar a quantidade de serapilheira produzida, foram utilizados 45 coletores de 0,25 m² de área amostral por coletor, instalados diretamente abaixo da vegetação. Na MPI foram demarcados três transectos no sentido perpendicular à costa de 120m cada, separados por 30m. Em cada transecto foram colocados cinco coletores também separados 30m, totalizando 15 coletores instalados, em uma área de 7200m². Na FAAC foram instalados outros 30 coletores, dispostos em 30 moitas sorteadas aleatoriamente, sendo que 15 delas apresentavam Clusia hilariana como o elemento dominante (mais alto e com o maior diâmetro a altura da base) e outras 15 moitas apresentavam outro tipo de planta arbustiva ou arbórea como dominante. As armadilhas de folhiço foram monitoradas com frequência quinzenal entre 02 de maio de 2012 a 17 de abril de 2014, totalizando 52 coletas. Para estimar a decomposição da serapilheira foram utilizadas sacos de naylon conhecidos como litterbags de malha 5mm e 0,02mm, de modo a avaliar um possível efeito da ação de decompositores de diferentes tamanhos. No presente estudo, foram empregadas as folhas depositadas nos coletores entre maio e novembro de 2012. Essas folhas foram misturadas de acordo com a fitofisionomia em que o material foi coletado e posteriormente os litterbags foram preenchidos com 7,0g de material foliar seco, constituído de folhas inteiras e sem sinais de herbivoria, previamente selecionadas a partir da serapilheira armazenada.Method steps
- Todo o material disposto nos coletores foi coletado, acondicionados em sacos plásticos e levados para o laboratório, onde as folhas foram separadas dos demais componentes vegetais que eventualmente aportem aos coletores (galhos, ramos, estruturas reprodutivas – flores e frutos -, material triturado, etc). Posteriormente, o material foi seco em estufa a aproximadamente 50°C, até a obtenção do peso constante e pesado para estimar a contribuição de cada fitofisionomia para o aporte de detrito. Para um maior detalhamento da produção de serapilheira na FAAC, o material obtido nas moitas com e sem Clusia foram avaliados separadamente. Informações climáticas (precipitação diária e temperaturas médias, mínimas e máximas diárias e acumuladas em 15, 30 e 45 dias) foram obtidas a partir do site do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), estação Macaé - RJ. Para avaliara decomposição, os conjuntos de litterbags foram instalados no campo em novembro de 2012 e permaneceram expostos a ação do tempo e de decompositores por 24 meses. Um litterbag de malha 5mm foi retirado em intervalos regulares aos 60, 120, 180, 240, 300, 360, 420, 480, 540, 600, 660 e 720 dias após a sua instalação e os de malha 0,02mm foi retirado aos 120, 240, 360 e 480 dias após sua instalação. O material foliar remanescente em cada litterbag foi processado para remoção de resíduos, seco a aproximadamente 50ºC por 72 horas e pesado. O peso do material remanescente em cada litterbag, desde sua instalação (t=0) até a coleta, foi determinado com base no cálculo da constante de decomposição (k). A partir do valor de k, foi calculada a meia-vida (tempo necessário para que 50% do peso seco fosse reduzido) e o tempo necessário para perda de 95% de material, nas áreas avaliadas. Após a coleta e processamento do material, as taxas de aporte de cada moita e/ou fitofisionomia foram calculadas considerando a soma da massa de detritos presente em todos os coletores de cada moita/fitofisionomia, dividido pela área total amostrada e pelo intervalo de tempo de interesse. Desta forma foi possível ter acesso a variação temporal nas taxas de aporte e também estimar a contribuição anual de das diferentes fitofisionomias para o aporte de detritos nas áreas de estudo. A relação da contribuição de cada moita/fitofisionomia para o aporte de detrito à serrapilheira será comparada com os dados climáticos através de regressões simples, sendo os valores acumulados de precipitação e temperaturas médias, mínimas e máximas nos intervalos de determinação do aporte utilizados como preditores da produção de serapilheira. Para comparação da decomposição da serapilheira ao longo do tempo entre as diferentes áreas, foi aplicada a análise de covariância (ANCOVA) para cada malha de litterbag separadamente. A avaliação da diferença na decomposição obtidos para os litterbags de diferentes malhas foi feita através da análise não paramétrica Kruskal-Wallis, seguido do teste post hoc de Mann-Whitney pairwise para os três sistemas de vegetação, visto que os dados não atendiam os pressupostos para o uso de testes paramétricos.
Taxonomic Coverages
Geographic Coverages
A área de estudo está inserida na planície costeira do Norte do Estado do Rio de Janeiro, na área do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. Este parque é uma unidade de conservação federal que visa proteger os ecossistemas de restinga. O PARNA da Restinga de Jurubatiba estende-se por uma faixa de 44km de comprimento por 10km de largura e engloba lagoas formadas de antigos deltas incorporados à costa por deposição de sedimento marinho que forma cordões arenosos. O solo deste ambiente é constituído por areias quartzosas marinhas, caracterizado como oligotrófico, pobre em argila e em matéria orgânica, com baixa capacidade de retenção de água e nutrientes.
Bibliographic Citations
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Rodrigo Lemes Martinsoriginator
position: Professor Adjunto
Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM) - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
BR
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Letícia da Silva Brito
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Emerson Luiz Florentino Borges
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Rodrigo Lemes Martins
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